quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Aula de Explicações... para a Ministra

"Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que
preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o
maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).
"

"Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom
serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações."

Recomenda-se a todos os professores um dia de repouso semanal: "A
solicitude por parte dos superiores anima muito os súbditos e
reconforta-os no trabalho."

"Quando um professor desempenha o seu ministério com zelo e
diligência, não seja esse o pretexto para o sobrecarregar ainda mais e
o manter por mais tempo naquele encargo. De outro modo os professores
começarão a desempenhar os seus deveres com mais indiferença e
negligência, para que não lhes suceda o mesmo."

Incentivar e valorizar a sua produção literária: porque "a honra eleva
as artes."

"Em meses alternados, pelo menos, o reitor deverá chamar os
professores (…) e perguntar-lhes-á, com benevolência, se lhes falta
alguma coisa, se algo os impede de avançar nos estudos e outras coisas
do género. Isto se aplique não só com todos os professores em geral,
nas reuniões habituais, mas também com cada um em particular, a fim de
que o reitor possa dar-lhes mais livremente sinais da sua
benevolência, e eles próprios possam confessar as suas necessidades,
com maior liberdade e confiança. Todas estas coisas concorrem
grandemente para o amor e a união dos mestres com o seu superior. Além
disso, o superior tem assim possibilidade de fazer com maior proveito
algum reparo aos professores, se disso houver necessidade."

"I. 22. Para as letras, preparem-se professores de excelência

Para conservar (…) um bom nível de conhecimento de letras e de
humanidades, e para assegurar como que uma escola de mestres, o
provincial deverá garantir a existência de pelo menos dois ou três
indivíduos que se distingam notoriamente em matéria de letras e de
eloquência. Para que assim seja, alguns dos que revelarem maior
aptidão ou inclinação para estes estudos serão designados pelo
provincial para se dedicarem imediatamente àquelas matérias – desde
que já possuam, nas restantes disciplinas, uma formação que se
considere adequada. Com o seu trabalho e dedicação, poder-se-á manter
e perpetuar como que uma espécie de viveiro para uma estirpe de bons
professores.

II. 20. Manter o entusiasmo dos professores

O reitor terá o cuidado de estimular o entusiasmo dos professores com
diligência e com religiosa afeição. Evite que eles sejam demasiado
sobrecarregados pelos trabalhos domésticos."


Ratio Studiorum da Companhia de Jesus (1599).

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

SOS: TÂMEGA EM RISCO

O rio Tâmega, tal como o conhecemos, está sentenciado à morte. As imagens exibidas no slide show foram captadas em Junho de 2008. Depois da barragem de Fridão ser contruída, nada desta paisagem natural sobrevirá. Junta-te ao Movimento de Cidadania Para o Desenvolvimento no Tâmega Sem Barragens. Visita o blogue oficial do Movimento em http://cidadaniaparaodesenvolvimentonotamega.blogspot.com/

terça-feira, 14 de outubro de 2008

OPIUM, MOONSPELL

O tema "Opium" é a faixa 2 do álbum "Irreligious" dos Moonspell, editado em 1996. Nesta canção, parece líquida a relação entre Álvaro de Campos e Moonspell. O tema é inspirado no poema "Opiário" do heterónimo pessoano que quis "sentir tudo de todas as maneiras". Curiosamente, quer Pessoa quer os Moonspell viveram uma mesma fatalidade - a incapacidade de muitos de apreciarem a dimensão artística das obras criadas, não indo além daquilo que se lê: Pessoa passou por drogado; os Moonspell foram acusados de incitarem os jovens ao consumo de droga. Mas, felizmente, as críticas passam e as obras ficam.

EPICURISMO... rústico

Num tempo em que o professor vive a angústia de cativar os alunos para as matérias que lecciona, num tempo em que a palavra poesia parece rimar com heresia, num tempo em que fazemos das tripas coração para convencer esses alunos que os livros são algo mais do que "papéis pintados com tinta", uma proposta como a dos Gato Fedorento é uma arma que não se pode desperdiçar, quando pretendemos falar, por exemplo, da poesia de Ricardo Reis.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

SEMEAR A LEITURA - mensagem plural

No âmbito do contrato de leitura recreativa que realizei com os meus alunos do 1oº ano, no ano lectivo 2007/08, recolhi algumas imagens que agora edito em vídeo. Esta é uma mensagem plural, fragmentária, escrita por quem está a descobrir que "o sonho comanda a vida".

sábado, 11 de outubro de 2008

RUA DA POESIA

No sítio Rua da Poesia, é possível aceder a um interessante arquivo de poesia de autores portugueses. Vale a pena visitá-lo.

http//www.ruadapoesia.com/content/view/50/39/

CLANDESTINO

http://cotonete.clix.pt/video/video.asp?id=361&text=Deolinda

Mel para os vossos ouvidos...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O MEU É MELHOR...


Encontrei esta publicidade e gostei muito da técnica de animação usada. É verdade que não tem tanta acção como a situação da aluna que agrediu a professora para poder recuperar o seu telemóvel, mas não é má...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

GATO QUE BRINCAS... F. PESSOA



Ah, poder ser "Bruto" como o gato,
não ter esta angústia invejosa
de quem não consegue Ser!

ALBERTO CAEIRO



Ó MESTRE, conta-me de novo a história do teu menino Jesus!

domingo, 5 de outubro de 2008

SER PROFESSOR...











Comentários:

Olá António, lindo quadro...gostaria de adquiri-lo para praticar tiro ao alvo. Agora já entendo porque nunca gostei de maçãs vermelhas...

6 de Outubro de 2008 12:54, Helena Cunha


Já vi muitos retratos de sua Excelência, a Ministra da Educação, mas nenhum tão real como este.
Penso que a maçã representa a Educação, e ela enveneou-a de tal forma que não sei onde isto vai parar...

7 de Outubro de 2008 11:43, Ana Alves

A INDIFERENÇA... MATA



Porque a consciência do homem do nosso tempo só sabe contar até cem.

sábado, 4 de outubro de 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA: TRAILER



Diz Saramago ao homem:
- Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
Pergunta um americano:
- Are you talking to me?!

COPIAR

Alice Vieira sobre a cópia nas escolas



" (...) Hoje em dia são os professores que ensinam os alunos a copiar. Que os incentivam a copiar.
Hoje em dia a cópia está institucionalizada
Hoje em dia os alunos nem entendem que possa ser de outra maneira.
Chamem-lhe o que quiserem "descarregar", "fazer download", o que quiserem: nunca deixará de ser uma cópia.
Eu chego a uma escola e ouço "Os alunos fizeram muitos trabalhos a seu respeito". E encontro 50, 100, 200 trabalhos rigorosamente iguais; iguais, por sua vez, aos que já tinha encontrado na escola anterior, e na outra, e na outra, com os mesmos erros (nem a Wikipedia nem o Google são infalíveis…), com as mesmas desactualizações, com palavras difíceis de que nenhum deles sabe sequer o significado, etc..
Os meninos são ensinados a mexer num computador, a carregar nos botõezinhos necessários para que o texto apareça - mas depois ninguém lhes ensina que isso não basta, e que trabalhar e pesquisar não é isso. Isso é, pura e simplesmente, copiar. E, como se dizia no meu tempo, copiar não vale.
É claro que, quando lhes tento explicar isto, eles nem entendem de que é que eu estou a falar.
O pior é que os professores, quase todos eles muito jovens, também não. (...)".


in Jornal de Notícias, 3.Fev. 2008

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

MANIFESTO

Ritmos impensados e interiores inexistem

Na matéria de que sou feita,

Na anti-existência das minhas palavras inventadas,

Anti-música, amoral desapegada,

Colada às paredes de uma caixa cristianizada,

Ouvi lá longe nos montes,

Ouvi:



Não, silêncio, anti-silêncio que se auto-abafa.

Pois que montes, que montes?

E que longe? Perto e antes fosse a meio,

A anarquia nunca se é, impõe-se como não sendo

Quereis a ordem mais que quereis o resto.

Manifesto o meu desagrado

Numa petição inacabada: virtual não é imaginado

Virtual é real imitado e

Tão triste e tedioso como só o real realizado.

Concretizado o enfado, e de cima do estrado

As térmitas amontoam-se e fazem desfiles.

Adiante carneirada! Vida regrada

Saudável exercício do espírito encarnado

Legumes e fibra, água e marasmo.


Na flacidez natural das ideias

Terceiras e centésimas intenções do demónio!

Demónio? Satã!

Pulsando debaixo do divã.


Que esforço, que fundo me escavo!


Ou não, não! raspo a superfície

Mas esforçadamente

Porque consciente

Tudo custa, tudo perdura

Vê-se e revê-se e agoniza-se.


Agoniza-se, e como!

Ana Sardoeira

domingo, 28 de setembro de 2008

BARRAGENS NO TÂMEGA - PROGRESSO OU CRIME?




Imagens da albufeira da barragem do Torrão às portas de Amarante.




Amarante é o único município da bacia hidrográfica do Tâmega que contesta a construção de uma barragem no seu território e consequentemente não aplaudiu o plano nacional de barragens apresentado pelo Governo. Câmara e Assembleia Municipal já aprovaram moções que contestam o plano do Governo de construir a barragem de Fridão, sobretudo por saber-se que a construção daquele equipamento implica a alteração da cota de exploração da barragem do Torrão, no troço final do rio Tâmega e a juzante da cidade de Amarante.
A luta travada por Amarante desde 1988 (ano em que o Torrão iniciou a produção de energia) contra a exploração da barragem à cota 65 – que teria como consequência a inundação das margens do rio e outras zonas ribeirinhas, bem como a Ínsula [Ínsua] dos Frades, pequena ilhota entre as duas pontes da cidade – voltou à ordem do dia e é isso que os dois órgãos autárquicos de Amarante e com toda a certeza a esmagadora maioria da sua população não podem desejar.



[Uma antevisão de Amarante no pós-barragens; imagem recolhida na cheia de 2002, a uma cota próxima de 65, o valor de projecto da albufeira do Torrão]


Recorde-se que o armazenamento total de água em Fridão – cerca de 200 mil milhões de metros cúbicos de água, segundo os estudos preliminares do empreendimento – é mais do dobro do que armazena actualmente a barragem do Torrão.
Em declarações às rádios Renascença e TSF, Armindo Abreu reafirmou que Amarante não quer a barragem e que tudo fará para lutar contra o projecto.
A Assembleia Municipal, com todos os partidos de acordo, à excepção de um deputado do movimento de apoio a Ferreira Torres, também aprovou uma moção contra a construção da barragem.
Entretanto, o autarca disse recentemente ao Marão Online que já expôs a situação a vários deputados socialistas e também ao ex-presidente da câmara de Amarante, Francisco Assis, dando-lhes conta que se os governantes socialistas decidirem avançar com o projecto vão ter pela frente a oposição de uma população inteira e porventura da região do Baixo Tâmega.
Armindo Abreu não descartou também a hipótese de envolver o Presidente da República nesta luta contra a barragem, se o Governo insistisse na sua construção.

Entretanto, recorde-se que o plano nacional de barragens passou por uma fase de estudo do Impacte Ambiental, sendo que relativamente à bacia do Tâmega, o parecer é negativo, sobretudo pelo facto do rio correr sobre uma fractura sísmica muito sensível. Há ainda outros dados técnicos demasiado assustadores. Atendendo à distância da edificação a barragem com mais de 110 metros de altura (a 6 Km de Amarante), em caso de acidente, uma onda de cheia mais alta do que a Igreja de S. Gonçalo, demoraria apenas 5 minutos a chegar ao Arquinho. Soube-se também que o plano para a barragem de Fridão implica o desvio do caudal das fisgas de Ermelo, isto é, deixa de haver fisgas e deixa de haver o rio Ôlo.



Outras barragens no Tâmega recebem aplausos

Os dois municípios de Basto localizados na área da eventual albufeira da barragem de Fridão não se pronunciaram ainda sobre o plano do Governo, e parece que não colocam objecções.
De facto, quer Celorico de Basto quer Mondim de Basto não devem sofrer impactes negativos de monta – além das graves consequências ambientais, nomeadamente devido à alteração do clima gerada pela enorme massa de água a criar pela albufeira – uma vez que o rio Tâmega não atravessa aglomerados urbanos importantes e até passa bastante desviado das sedes dos dois concelhos.
Bem diferente é a posição das comunidades situadas no troço inicial do rio, em território nacional, uma vez que o Tâmega nasce em Espanha, perto de Ourense.
Os autarcas e empresários do Alto Tâmega já aplaudiram a construção de barragens nos seus territórios, nomeadamente acerca dos empreendimentos de Vidago e Padrozelos.
considerandoas como "mais valias".
Fica a dúvida se estes autarcas sabem o que é desenvolvimento sustentável, se estão conscientes da factura que as próximas gerações irão pagar, se a troco de muitas promessas e alguns trocados valerá a pena hipotecar o futuro dos seus concelhos. Talvez pudessem esclarecer-se se estudassem o que aconteceu noutros projectos, noutros negócios semelhantes.

A eutrofização é o fenómeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogénio, normalmente causado pela descarga de efluentes agrícolas, urbanos ou industriais) num corpo de água mais ou menos fechado, o que leva à proliferação excessiva de algas, que, ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do número de microorganismos e à consequente deterioração da qualidade do corpo de água.
As principais fontes de eutrofização são as actividades humanas industriais, domésticas e agrícolas – por exemplo, os fertilizantes usados nas plantações podem escoar superficialmente ou dissolver-se e infiltrarem-se nas águas subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água mencionados. Ao aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de nutrientes derivados do azoto (nitratos), do fósforo (fosfatos), do enxofre (sulfatos), mas também de potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome de "florescimento" ou "bloom" – dando uma coloração azul-esverdeada, vermelha ou acastanhada à água, consoante as espécies de algas favorecidas pela situação.
Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as "algas" microscópicas que vivem na água), que se pode reproduzir em grandes quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. Quando estas algas – e o zooplâncton que delas se alimenta - começam a morrer, a sua decomposição pode tornar aquela massa de água pobre em oxigénio, provocando a morte de peixes e outros animais e a formação de gases tóxicos ou de cheiro desagradável. Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que contaminam as fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos podem surgir da eutrofização, mas os três principais impactos ecológicos são: perda de biodiversidade, alterações na composição das espécies (invasão de outras espécies) e efeitos tóxicos…
(Wikipédia)

O fenómeno da eutrofização é já bem conhecido dos amarantinos mais atentos, ou que, de há uns anos a esta parte, mais de perto contactam, particularmente nos meses mais quentes de Verão, com as águas da albufeira da barragem do Torrão.
O aspecto esverdeado, dada a grande concentração de micro algas, já por diversas vezes encostou ao açude dos Morleiros e chegou mesmo a galgá-lo, em anos mais quentes e menos chuvosos.
O excesso de nutrientes associado à subida da temperatura das águas paradas, especialmente em locais de águas pouco profundas origina esse fenómeno do aparecimento das algas verdes e de cianobactérias (algas azuis) com efeitos nocivos para a saúde humana.
A construção das barragens e açudes, previstas no PNBEPH para montante e jusante de Amarante, provocará uma acentuada deterioração da qualidade da água do rio Tâmega e trará para dentro da cidade o aspecto que hoje já se pode ver na albufeira do Torrão e que as imagens retiradas do “Virtual Earth” tão bem documentam.


No site da Amarante TV, há registos vídeo com Hugo Silva, deputado da Assembleia Municipal de Amarante, onde este reputado cidadão amarantino explica o que está em causa com a construção da barragem de Fridão, e há vídeos relativos ao debate público ocorrido no salão nobre da C. M. Amarante, com as intervenções do coronel Artur Freitas e do arquitecto Hugo Silva. Há ainda um registo vídeo relativo à palestra sobre a construção da barragem de Fridão, realizada em Abril de 2008, que teve como oradores o prof. Rui Cortes, a engenheira Berta Estevinha e o prof. Helder Leite.



Depois de entrar na página da Amarante TV, procure, na coluna do lado esquerdo, os vídeos clicando nos slides correspondentes. amarante.tv/index_in.html

sábado, 27 de setembro de 2008

O MOSTRENGO

AMAR... ANTE


Elegia do Amor, Teixeira de Pascoaes (excerto)


I
Lembras-te, meu amor,

Das tardes outonais,

Em que íamos os dois,Sozinhos, passear,

Para fora do povoAlegre e dos casais,

Onde só Deus pudesse

Ouvir-nos conversar?

Tu levavas, na mão,

Um lírio enamorado,

E davas-me o teu braço;

E eu triste, meditava

Na vida, em Deus, em ti…

E, além, o sol doiradoMorria, conhecendo

A noite que deixava.

Harmonias astrais

Beijavam teus ouvidos;

Um crepúsculo terno

E doce diluía,Na sombra, o teu perfil

E os montes doloridos…Erravam, pelo Azul,

Canções do fim do dia.

Canções que, de tão longe,

O vento vagabundo

Trazia, na memória…

Assim o que partiu

Em frágil caravela,

E andou por todo o mundo,

Traz, no seu coração,

A imagem do que viu.

Olhavas para mim,

Às vezes, distraída,

Como quem olha o mar,

À tarde, dos rochedos…

E eu ficava a sonhar,

Qual névoa adormecida,

Quando o vento também

Dorme nos arvoredos.

Olhavas para mim…

Meu corpo rude e bruto

Vibrava, como a onda

A alar-se em nevoeiro.

Olhavas, descuidada

E triste…

Ainda hoje te escuto

A música ideal

Do teu olhar primeiro!

Ouço bem a tua voz,

Vejo melhor teu rosto

No silêncio sem fim,

Na escuridão completa!

Ouço-te em minha dor,

Ouço-te em meu desgosto

E na minha esperança

Eterna de poeta!

O sol morria, ao longe;

E a sombra da tristeza

Velava, com amor,

Nossas doridas frontes.

Hora em que a flor medita

E a pedra chora e reza,

E desmaiam de mágoa

As cristalinas fontes.

Hora santa e perfeita,

Em que íamos, sozinhos,

Felizes, através

Da aldeia muda e calma,

Mãos dadas, a sonhar,

Ao longo dos caminhos…



sal+azar

Fernando Pessoa contra Salazar